_Miolo [2015]
[Coletiva]
A complexidade do órgão símbolo da razão, da emoção e, alguns ousariam dizer, da alma.
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O cérebro humano é a mais complexa e enigmática estrutura biológica da Terra. Com cerca de 86 bilhões de neurônios conectados, esse fascinante órgão, matriz do sistema nervoso, é o principal centro de regulação e controle das atividades corporais, capaz de determinar o comportamento cognitivo, sensorial, motor, emocional e social.
A importância do órgão que define a individualidade, crucial para a compreensão do ser humano, impulsiona mundialmente a pesquisa relacionada ao cérebro, unindo esforços de cientistas das mais variadas disciplinas e atraindo a atenção da sociedade.
"Com poucas décadas de vida como área reconhecida, sendo resultado da associação de disciplinas tradicionais, como anatomia, histologia, bioquímica, fisiologia, farmacologia, neurologia e psiquiatria, a neurociência produziu nesse período um avanço científico inegável no conhecimento do sistema nervoso, em grande parte devido a avanços tecnológicos em disciplinas emergentes.
Não há dúvida de que esse progresso continuará nas próximas décadas, não só em direção ao conhecimento da organização funcional do cérebro normal, que ainda é parcial, mas também em relação à cura de distúrbios neurológicos e psiquiátricos, muitos ainda de difícil abordagem terapêutica.
Estimativas da OMS indicam que mais de 5% dos indivíduos com idade superior a 65 anos desenvolvem a doença de Alzheimer (DA), o mais prevalente tipo de demência, causada por uma degeneração progressiva de múltiplos circuitos corticais. Em países em desenvolvimento, como o Brasil, a expectativa de vida aumenta rapidamente. O envelhecimento de nossa população faz com que, em uma projeção aproximada, 100 mil brasileiros passem a manifestar a DA anualmente. Além disso, centenas de milhões de pessoas são afetadas, todos os anos, por outros distúrbios do sistema nervoso, como a doença de Parkinson, epilepsias, tumores, processos isquêmicos, esquizofrenia, autismo e vários outros. Além desse fator, de interesse mais aplicado, há evidentemente um grande interesse nas funções do cérebro, considerado por muitos como uma das últimas fronteiras na ciência em geral.
Enfrentamos o mesmo desafio de explicar, a partir da estrutura do sistema nervoso, os mecanismos fisiológicos que dão origem à percepção, à memória, à atenção, e que são ingredientes ou facetas daquilo a que chamamos consciência. Esse desafio depende não só de descobertas empíricas oriundas da morfologia e da fisiologia do sistema nervoso, mas também de um esforço conceitual que possa integrar em um quadro harmonioso a enorme complexidade dos processos que caracterizam a atividade neural.
São dois os principais desafios da neurociência atual. De um lado, pragmático e aplicado, há pressa em se arquitetarem recursos terapêuticos que curem ou amenizem o sofrimento daqueles, talvez todos nós, que padecem de alguma disfunção do sistema nervoso, de uma cegueira congênita a um traumatismo na juventude, a alterações de humor na maturidade, às degenerações da velhice. De outro lado, conceitual e indissociável da ciência básica, jaz o desafio de compreendermos o sistema nervoso em sua plenitude, seu passado evolutivo, sua presente complexidade funcional e a natureza do processo consciente que dele parece surgir tão misteriosamente."
Realização:
ArtBio
Artistas convidados:
Owen Davey, Igor Morski, Leon Keay, Anthony Tremmaglia, Elisa Ancori, Diego Max, Cindy Stelmackowich, Cristiano Siqueira, Victor Maristane, Catherine Lepage, Mataone, Billy Reynolds, Greg Dunn, Shoshanah Dubiner, Antonio Peticov, Eugenia Loli, Marne Grahlman, Richard Mia, Thadé, Dani Sanchis, Bedelgeuse, Alessandro Gottardo, Fabio Q., Edwige Massart & Xavier Wynn, Deborah Stevenson, Jazzberry Blue, Antonio Mora, Jake Fried, Lisa Nilsson, Noah Scalin e Glòria Fort Mir.
Entre aspas
Trechos do artigo “Pensando o futuro da Neurociência", Dr. Luiz Roberto G. Britto e Dr. Marcus Vinícius C. Baldo, Departamento de Fisiologia e Biofísica, Instituto de Ciências Biomédicas - USP.